Ciência

Oscar 2019: A cerimônia da diversidade

  Myrian Campos    sexta-feira, 01 de março de 2019

A 91ª edição do Oscar foi marcada pela diversidade dos premiados e apresentadores, diferente dos outros anos a cerimônia não contou com um anfitrião, mas sim com vários apresentadores entre eles atores negros, estrangeiros e muitas mulheres que subiram ao palco para abrilhantar o evento. Durante a premiação recordes foram quebrados, esse ano ao todo foram 7 prêmios para profissionais negros, quebrando a antiga marca de 5 em 2017, e 15 estatuetas para mulheres.

As primeiras apresentadoras a subir no palco foram as ex-integrantes do Saturday Night Live – Tina Fey, Amy Poehler e Maya Rudolph que chegaram afiadas:

– Uma atualização rápida para todos, caso você esteja confuso. Não há anfitrião esta noite, não haverá uma categoria de filme popular e o México não está pagando pelo muro. – disse Maya.

O primeiro prêmio da noite foi entregue à Regina King como atriz coadjuvante, por Se a Rua Belle Falasse, a atriz era a mais cotada para o prêmio por levar  também o Globo de Ouro desse ano na mesma categoria.

Um dos grandes coroados da noite foi Pantera Negra, o longa entrou para história da premiação por ser o primeiro filme de herói a concorrer na categoria de melhor filme e levou ao todo 3 estatuetas: Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.

O filme novamente fez história na premiação, pela primeira vez uma mulher negra levou a estatueta de Melhor Figurino, Ruth E. Carter se emocionou ao discursar:

A Marvel pode ter criado o primeiro super-herói negro, mas, por meio do figurino, o transformamos em um rei africano. Disse Ruth em seu discurso.

E se não bastasse, Pantera Negra também conquistou o Prêmio de Melhor Direção de Arte pelo trabalho de Hannah Beachler e Jay Hart, sendo a Hanna a primeira mulher negra a concorrer, e consequentemente, ganhar essa estatueta.

Quando alguém disser que vocês não são bons o suficiente, ouçam este conselho que uma mulher muito sábia me disse: eu fiz o meu melhor, e o meu melhor é o suficiente. – aconselhou Hannah.

Ainda sobre os heróis, esse ano quem levou o prêmio de Melhor Animação para casa foi  Homem-Aranha no Aranhaverso, mostrando um herói latino como protagonista e consagrando o diretor Peter Ramsey como o primeiro diretor negro a concorrer e a vencer na categoria.

– Quando um garoto diz “ele se parece comigo” ou “ele fala espanhol como a gente”, nós já vencemos. – disse Phil Lord, um dos diretores da animação.

O prêmio de Melhor Curta de Animação foi para Bao, escrito e dirigido pela chinesa Domee Shi – a primeira mulher da Pixar a comandar uma produção do estúdio.

Para todas as garotas nerds por aí que se escondem atrás de seus sketchbooks, não tenha medo de contar suas histórias para o mundo. – declarou Domee.

Ainda falando das premiações das mulheres o prêmio de Melhor Documentário Curta-Metragem também foi a vez delas. O curta Absorvendo o Tabu, foi o único dos indicados a ser dirigido por uma mulher, a cineasta americana de origem iraniana Rayka Zehtabchi.

Eu não acredito que um filme sobre menstruação acaba de ganhar um Oscar! – brincou Rayka.

A categoria de Melhor Filme Estrangeiro ficou com Roma de Afonso Cúaron, o diretor também levou para casa Melhor Fotografia e Melhor Diretor, sendo o 5º diretor mexicano a levar o prêmio nos último 6 anos.

Agradeço à Academia por reconhecer um filme que trata de uma mulher indígena, e uma das 70 milhões de empregadas domésticas sem direitos trabalhistas. Uma personagem historicamente sempre deixada para trás – ressaltou o diretor. […] O nosso trabalho é olhar para onde ninguém olha. Essa responsabilidade se torna muito maior numa época onde estamos sendo encorajados a não olhar. Muito obrigado, Libo. – Agradecendo a sua babá, Libo que inspirou o filme.

Bohemian Rhapsody foi quem levou o maior número de estatuetas, ao todo foram 4 prêmios: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhor Montagem e o Oscar de Melhor Ator para Rami Malek que interpretou Fred Mercury no longa:

Fizemos um filme sobre um homem gay e imigrante que viveu sua vida sem pedir desculpas. Seu sucesso é a prova de que as pessoas querem ver isso. – Disse o ator em seu discurso.

Ao contrário das outras categorias o prêmio de Melhor Atriz pegou o público, e até a premiada, de surpresa, Olivia Colman levou a estatueta como Melhor Atriz, por seu papel em A Favorita, sendo que a mais cotada para o prêmio era Glenn Close que estava em sua sétima indicação ao prêmio. Em seu discurso Olivia se desculpou por ter levado o Oscar antes da colega:

Você é minha ídola há tanto tempo. Eu sinto muito por estar com este Oscar na sua frente. – disse a atriz.

O que não foi surpresa nenhuma foi o prêmio de Melhor Canção Original para Shallow de Lady Gaga, além de ganhar seu primeiro Oscar a cantora fez uma apresentação emocionante ao vivo com o de cena, e diretor do longa, Bradley Cooper.

Esnobado nas outras premiações do ano, Spike Lee, que em 2006 ganhou um Oscar Honorário, dessa vez levou seu primeiro Oscar em disputa como Melhor Roteiro Adaptado pelo filme Infiltrados na Klan. Quem apresentou o prêmio foi seu amigo Samuel L. Jackson que comemorou com muito entusiasmo a vitória de Lee.

E o grande vencedor da noite foi Green Book, levando a estatueta de melhor filme de 2019. Além dos prêmios de Melhor Roteiro Original e Melhor ator Coadjuvante para Mahershala Ali, igualando-se ao Denzel Washington, sendo o segundo ator negro da história a ter duas estatuetas.

Finalmente podemos notar uma mudança na distribuição de prêmios da Academia, que sempre privilegiou homens brancos de meia idade. Essa hegemonia dos premiados vem sendo alvo de críticas há alguns anos, em 2016 houve um boicote do Oscar, #oscarwhite, que visava denunciar o racismo presente na premiação, hoje podemos ver uma resposta a essa iniciativa com o maior número de prêmios entregues a profissionais negros na história do cinema.

Ainda estamos no começo, mas a representatividade dessa edição do Oscar entra para história como um marco mostrando que a luta um mundo mais igualitário vale a pena.

Myrian Campos

Myrian Campos

Lufana com muito orgulho. Dentista de formação. Nerd e viciada em cultura pop por questões de coração. Tenho um crush por cinema e séries e cada dia tento aprender mais um pouquinho sobre esse mundo em que tudo se torna possível e os sonhos mais loucos podem se tornar realidade.

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