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Dia Internacional da Mulher: Women in Animation – As mulheres na animação

  Isis Duarte    quinta-feira, 08 de março de 2018

Século XXI. Finalmente a representatividade feminina está ganhando força. A luta para que as mulheres tenham tanto espaço quanto os homens ainda avança a duras penas, mas estamos cada dia mais próximas da igualdade em todos os segmentos sociais.

Criada em 1995, a “Women in Animation” é a única organização destinada ao propósito de estimular a produção, criação e premiação de mulheres na área da animação. Com o mote de representação igualitária, tanto nas telas, quanto nos bastidores, o movimento atua em 11 programas distintos, incluindo palestras, divulgação de vagas, mentoreamento, e bolsas de estudos, e se faz presente em 8 escritórios ao redor do mundo (infelizmente, porém, o Brasil ainda não foi contemplado).

Dia Internacional da Mulher: Women in Animation - As mulheres na animação

Entre as principais ações, merece destaque a meta “50/50 até 2025”. Alertando para o fato de que, embora 60% dos estudantes de animação sejam mulheres, apenas 20% assumem papéis criativos na indústria, a iniciativa pretende ampliar estes números para 50% até 2025.

Além disso, em meio às denúncias de assédio em Hollywood, a “Women in Animation”, em 2017, mobilizou os chefes dos estúdios de animação em prol de viabilizar maior segurança às mulheres no ambiente de trabalho. Com a “Animation Studio Anti-Harassment Pledge” (em tradução livre, “Promessa Anti-Assédio em Estúdios de Animação”), ou ASAP, os estúdios signatários e seus respectivos funcionários comprometem-se a garantir um ambiente seguro, livre de assédio e de discriminação.




A Presidente da organização, Margaret Dean, já é, por si, símbolo da conquista feminina. Ex-Gerente Geral da Stoopid Buddy Stoodios, maior estúdio de animações stop-motion da Califórnia, onde supervisionou a produção de “Frango Robô”, ela é, hoje, Chefe de Estúdio da Ellation Inc., divisão da Otter Media Holdings à qual pertence a plataforma de streaming CrunchyRoll, e se encarrega, entre outras coisas, da produção de conteúdo original.

E por falar em símbolos femininos na indústria da animação, não tem como esquecer de Lauren Faust. A animadora, roteirista, diretora e produtora decolou artisticamente com sua participação no, hoje cult, “Gigante de Ferro” (1999), embora reconheça que o fracasso financeiro à época a tenha desanimado. Fiel à sua visão de mundo de que mais vale o trabalho dos sonhos do que dinheiro no bolso, Faust passou por um período de desemprego até entrar para a equipe de roteiristas das “Meninas Superpoderosas”.

O trabalho abriu portas para que pudesse desenvolver, junto a seu agora marido, Craig McCracken, com ampla liberdade criativa, “A Mansão Foster para Amigos Imaginários”. Pelo programa, inclusive, a animadora foi premiada em 2009 com o Primetime Emmy. Com a visibilidade que ganhou com estes projetos, não tardou para que a Hasbro a convidasse para assumir a direção criativa e produção executiva de “My Little Pony: A Amizade é Mágica”.

Nas palavras de Faust:

“os desenhos para meninas não precisam ser fofinhos e cheios de bondade. As meninas gostam de histórias com conflitos reais; as meninas são espertas o suficiente para entender tramas complexas; as meninas não se assustam facilmente, como todo mundo parece pensar”.

E mais, a animadora não acredita em “desenhos para meninas”. Em entrevista à Nickelodeon, ela reforçou que as meninas podem fazer e ser tudo o que quiserem, e, para isso, precisam ter contato com uma gama variada de assuntos, mantendo em perspectiva seus sonhos e objetivos.




Rebecca Sugar é mais uma mulher que faz tudo o que quer. A animadora, diretora, roteirista, produtora e compositora iniciou sua carreira como revisora de roteiro de “Hora da Aventura”, mas precisou de apenas um mês para ser promovida como roteirista, graças à extraordinária competência demonstrada. O talento e o trabalho duro foram recompensados com a oportunidade de ser a primeira criadora de conteúdo independente para o Cartoon Network: assim nasceu “Steven Universe”.

A artista conciliou a produção de “Steven Universe” com “Hora da Aventura” até quando pôde, desligando-se desta última em 2012, ano no qual também integrou a equipe de roteiristas de “Hotel Transilvânia”. Seu  sucesso é tão grande que, além de 4 indicações ao Primetime Emmy, ela entrou, em 2012, para a lista das “30 personalidades do mundo do entretenimento com menos de 30 anos” da Revista Forbes.

Rebecca Sugar declarou ao The Verge que a animação é uma ferramenta valiosa para que o público simpatize com um personagem, por isso a importância de retratar a diversidade nos desenhos. Ela vê essa arte como forma de se comunicar com as pessoas, e pretende, com isso, transformá-la em fonte de empoderamento.

Célia Catunda é uma das brasileiras que usam a animação como linguagem. Cofundadora da TV PinGuim, a diretora, escritora e produtora é, junto com Kiko Mistrorigo, responsável por “Peixonauta” e “O Show de Luna”. Por dialogar com o público infantil, a artista redobra sua atenção às palavras do roteiro e à variedade de ações dos personagens, pois entende a importância dos desenhos na formação do indivíduo. Empenhado em estimular a imaginação, e não reforçar estereótipos, o trabalho de Catunda ultrapassou as fronteiras nacionais, e, hoje, “Peixonauta” é exibido em mais de 80 países, além de fazer parte do catálogo da Netflix.




Essas, e muitas outras mulheres, são inspiração para que alcancemos a igualdade também na indústria da animação. Sabemos que é uma longa e difícil jornada, mas permitirá uma sociedade mais justa às gerações futuras, e, por isso, nós, do Garotas Nerds, somos (muito!) gratas.

Isis Duarte

Isis Duarte

Paulistana, advogada e nerd. Cinéfila em tempo integral e gamer nas horas vagas. Além de escrever para o Garotas Nerds, escreve para o Guik e é coapresentadora no canal de YouTube "Fazendo Nerdice".

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