HQ'S

Dia Internacional da Mulher: Depressão e ansiedade em quadrinhos – o olhar feminino colocado no papel

  Natalia Sierpinski    quinta-feira, 08 de março de 2018

“O jogo do olhar feminino sobre a vida, num mundo ainda feito e ainda desenhado por homens. Os relacionamentos que dão errado, as cobranças sobre seu corpo, seu humor, carreira, esses problemas que são os problemas de suas leitoras, que atravessam a todos. Os quadrinhos vêm como uma forma de refletir e, principalmente, ajudar os outros a refletir sobre a vida e expurgar, pelo menos um pouquinho, o mal que nos entristece diariamente.”

Esse trecho foi escrito por Rodrigo Teixeira e foi retirado da introdução da história em quadrinhos “Anna Bolenna – 5 anos” feito por Bianca Reis e lançado no final de 2017.

Bianca Reis começou a ter seu trabalho divulgado a partir da página do Facebook “Anna Bolenna – A perturbada da corte” que surgiu em 2013. Em 2016 a artista conseguiu sua primeira publicação através de uma campanha de financiamento coletivo pelo Catarse, lançando o quadrinho “Persistente” que abordou de forma sensível e poética a questão da depressão e da ansiedade, em que o próprio processo de produção deste quadrinho foi parte do processo da artista para lidar com essas questões e consigo mesma. O segundo quadrinho da artista foi um compilado de várias tirinhas produzidas durante esses 5 anos de existência da página, que também foi realizado a partir do financiamento coletivo.

Uma segunda artista brasileira que aborda o cotidiano, as relações humanas e a ansiedade é a Raquel Segal, que publicou seu primeiro quadrinho no final de 2017, chamado “Sempre faço tudo errado quando estou feliz” pela Editora Planeta. A artista também começou a ter seu trabalho divulgado a partir de uma página do Facebook, chamada “Aquele eita” que atualmente está com um milhão de curtidas e seguidores. No quadrinho publicado a artista comenta que não imaginava que seu trabalho fosse chegar a esse nível de reconhecimento e popularidade, que veio a partir da página.

Ambas artistas tratam de temas muitas vezes considerados tabus e “difíceis de lidar” com muita empatia, emoção e ternura, trazendo ao mesmo tempo uma visão crítica sobre o assunto que toma formas e cores distintas por estarem sendo protagonizadas por mulheres, como por exemplo com Bianca Reis ao abordar em seus quadrinhos seu pai ausente, ou então quando Raquel Segal aborda alguns relacionamentos românticos que não foram saudáveis.




Assim, vemos a importância de termos mulheres produzindo quadrinhos sobre os mais diversos temas das mais diversas formas, afinal estamos de fato cercadas cotidianamente por narrativas construídas por olhares masculinos, e são trabalhos assim que nos trazem um reconhecimento e reflexões que valem a pena falar sobre, principalmente hoje.

Natalia Sierpinski

Natalia Sierpinski

Educomunicadora e pesquisadora de quadrinhos, gênero e educação. Sou potterhead, não tenho treta entre Marvel e DC, gosto e acompanho ambas, adoro Star Wars, vídeo game, jogos de tabuleiro e cinema.

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