Ciência

Dia da Toalha: A física presente no Guia do Mochileiro das Galáxias

  Tamillys Pantuza    sexta-feira, 25 de maio de 2018

A física quântica é o campo da física que estuda os fenômenos que ocorrem com partículas atômicas e subatômicas, ou seja, cujas dimensões são iguais ou menores que os átomos. Mesmo estando focada em fenômenos microscópicos, a teoria quântica se reflete no macro, uma vez que todo o universo é composto de moléculas, átomos e partículas subatômicas, o que torna a teoria base de vários ramos da física e química, e leva a discussão para além das Ciências Exatas, englobando até mesmo setores do conhecimento humano, como a Filosofia.

Segundo os que defendem essa relação, a ligação entre a física quântica e a filosofia está na condição de casualidade e incerteza da teoria. E Douglas Adams soube aproveitar muito bem essa relação em seus livros, tratando dos assuntos de forma perspicaz e cômica, introduzindo o leitor aos conceitos e despertando a análise crítica ao mostrar como a realidade pode ser estranha e confusa.

“Existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável. Existe uma segunda teoria que diz que isso já aconteceu…”

“…O Universo, como já foi dito anteriormente, é um lugar desconcertantemente grande, um fato que, para continuar levando uma vida tranquila, a maioria das pessoas tende a ignorar.”

Nesse artigo em homenagem ao Dia da Toalha, resolvemos reunir alguns conceitos físicos abordados no Guia do Mochileiro das Galáxias pra tentar tirar nossos leitores e leitoras da inércia. 😛

“No início, o universo foi criado. Isso irritou profundamente muitas pessoas e, no geral, foi encarado como uma péssima ideia.”

Gerador de Improbabilidade Infinita

No guia, o gerador de improbabilidade infinita é uma nave que ultrapassa os limites da hipervelocidade e permite cruzar simultaneamente todos os pontos do universo. Basicamente o motor gera um campo que aumenta infinitamente a “probabilidade de coisas improváveis” acontecerem. Ele calcula todos pontos onde a nave pode existir em todo o universo, seleciona o resultado mais improvável de acontecer e se materializa nesse ponto.

No mundo quântico o funcionamento é parecido, porém em vez de calcular a improbabilidade, calcula-se a probabilidade, onde todo possível resultado é realizado simultaneamente e eles se desenvolvem até que o resultado mais provável ou a autodestruição mais improvável aconteça. Segundo o físico Michael Lockwood, um corpo poderia viajar de um lugar para o outro sem passar por espaços intermediários se você tivesse controle suficiente de probabilidade.

Universo 5D

Oficialmente temos apenas quatro dimensões, que resumindo de forma simples, seriam:

  1. A conexão entre dois pontos, ou seja, uma reta ou o que definimos como largura.
  2. O plano. Um objeto bidimensional, ou seja, que possui dois valores numéricos pois possui dois eixos e corresponde ao que conhecemos como largura e comprimento.
  3. O espaço, que possui três valores numéricos (largura, comprimento e profundidade) e é o que chamamos de tridimensional.

Até aqui já estamos habituados, é o que conhecemos como 3D. A 4ª dimensão é o tempo, que apesar de não podermos ver, nos torna quadrimensionais ao nos levar do começo ao fim da existência, do nascimento (infância) à morte (velhice).

 

As teorias científicas sugerem até 10 dimensões, como é o caso da Teoria das Supercordas, mas o universo de Douglas Adams vai até a quinta dimensão, que é a probabilidade, onde uma série de variáveis definem as possibilidades do que seremos no instante seguinte. Segundo Adams, podemos viajar livremente nas três primeiras dimensões enquanto no eixo tempo viajamos em apenas uma direção devido a sempre experimentarmos a realidade mais provável. O gerador de improbabilidade infinita contornaria esse problema na quinta dimensão assim como a viagem no tempo o faria com a quarta dimensão.

O que explica admiravelmente nossa realidade, já que com três eixos é fácil se movimentar e com apenas um não é. Se descobríssemos outras dimensões de tempo ou probabilidade talvez seria possível viajar por essas dimensões. Stephen Hawking sugeriu uma segunda dimensão de tempo correndo paralela a dimensão existente, o tempo virtual.

Mistureba generalizada de todas as coisas (MGTC)

MGTC é a soma total das diferentes maneiras que se pode ver as coisas. É como se você tivesse um pedaço de torta, onde você pode dividir e dividir quantas vezes e de quantas formas quiser, e a cada vez que fizer, um novo pedaço será criado. Essa é uma espécie de metáfora para explicar os conceitos de possibilidades e universos paralelos apresentados na teoria dos Muitos Mundos, que trata o universo como uma partícula quântica da qual fazemos parte estando no interior dela, e por isso, só podemos ver o que acontece dentro dela.

Se estivéssemos fora, a nossa perspectiva seria diferente e poderíamos observar como o universo é afetado pelo comportamento quântico. A hipótese sugere que a cada possibilidade de cada evento possível, um novo universo é criado quando esse evento é realizado. A MGTC é uma matriz infinita de possíveis universos que ilustra de maneira divertida um raciocínio científico extremamente complicado.

Tudo é relativo

Em A Vida, O Universo e Tudo Mais, Arthur Dent e Ford entram a bordo da Bistromática, uma nave que passeia pelo universo utilizando a matemática que rege o comportamento das pessoas nos restaurantes, ironizando tendências comportamentais como: horário marcado para chegar contra horário que realmente chegamos, quantidade de pessoas agendadas contra quantidade de pessoas que realmente vão, valor que pretendemos gastar e que realmente gastamos, etc.

 

Assim como a teoria de Einstein observou que o espaço não é absoluto e depende do movimento do observador no espaço, e que o tempo não é absoluto e depende do movimento do observador no tempo, na teoria de Adams os números não são absolutos e dependem do movimento do observador nos restaurantes.

Será que somos alienígenas?

Quando Ford e Arthur caem na terra pré-histórica, eles se questionam sobre a real origem da humanidade e se ela realmente evoluiu da forma como acreditavam. O que também é uma discussão válida na teoria da evolução. A faísca que originou o Big Bang poderia ter vindo de qualquer lugar, e se isso for verdade, podemos ser alienígenas. A vida talvez seja mais comum do que imaginamos, podendo estar  em outros lugares, só não estamos procurando direito.

A vida, o universo e tudo mais

No guia, a terra era um super computador encomendado por ratos brancos que queriam encontrar a resposta para a pergunta mais importante de todas: “aquela sobre o sentido da vida, do universo e de tudo mais”.

“Felizmente, a Terra foi destruída levando a horrível poesia de uma moradora de Essex, Inglaterra.”

Apesar de ser mais uma brincadeira de Adams, será que o universo não é um computador quântico? Cujas partículas nada mais são que informações que flutuam de um lado a outro produzindo cálculos através das interações e eventos? Apesar de um pouco absurdo, talvez isso explique a quantidade de coisas intrigantes que acontecem.

Não somos os mais inteligentes

Em diversos momentos na trilogia de cinco livros, Adams reforça o quanto nós humanos somos insignificantes em uma perspectiva geral do universo. Um exemplo disso é a mensagem deixada pelos golfinhos quando deixam a terra:

“Até mais e obrigada pelos peixes”

Segundo o livro nós humanos pensamos que somos espertos devido aos avanços tecnológicos e mudanças no ambiente, porém para os golfinhos esse era o motivo deles se considerarem mais espertos que a gente. Somos incapazes de perceber o que acontece no nosso próprio planeta e é bem provável que quando os E.T.s vierem nos visitar, vão rir de nós.

Gnab Gib

O restaurante no final do universo, permite que os clientes experimentem o fim da realidade enquanto vivem uma experiência gastronômica de última qualidade. Na trilogia o universo termina em um Gnab Gib, que nada mais é que Big Bang escrito do avesso.

Como será que a nossa existência vai terminar? Será que o universo vai continuar expandindo até se romper? Ou será que a gravidade vai superar a energia escura e puxar o universo de volta? Existe mesmo começo, meio e fim? Será que queremos mesmo saber?

Geralmente obras de ficção científica tentam prever ou sugerir possíveis futuros e Douglas Adams fez isso de maneira muito divertida e inteligente. Se alguma dessas coisas vai realmente acontecer, só o tempo irá dizer, mas espero que tenha gostado de pensar um pouco a respeito desses conceitos e que isso desperte ainda mais o lado nerd que existe em você.

Aaah, e lembre-se: NÃO ENTRE EM PÂNICO!

Tamillys Pantuza

Tamillys Pantuza

Mineira com tendências nômades, cientista da computação, programadora front-end, faixa azul de Jiu-Jitsu e aspirante a ilustradora e escultora.

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